Produção de feno com qualidade exige clima favorável: os desafios em cada etapa do processo 

Conheça os desafios e as estratégias para otimizar o processo 

Cada etapa da produção de feno depende de fatores como umidade, vento e radiação solar; conheça os desafios e as estratégias para otimizar o processo 

A produção de feno é uma das estratégias mais eficazes para garantir alimento de qualidade ao rebanho durante períodos de escassez de pasto. No entanto, o sucesso dessa técnica está diretamente ligado ao clima. Desde a escolha do momento ideal para o corte até o armazenamento do feno, cada fase é influenciada por fatores como umidade, temperatura, vento, radiação solar e precipitação. Entender como o clima interfere sobre o processo de fenação é essencial para aumentar a eficiência e evitar perdas de material e valor nutricional. 

  • Qual é o clima ideal para a fenação? 

A fenação começa com o corte da forragem e, por isso, é realizada normalmente quando a planta atinge seu pico nutricional. Logo após o corte, é iniciada a evaporação cuticular, que é quando os estômatos se fecham e a planta começa a perder água pela superfície externa.  

É aqui que a radiação solar e o vento se tornam os grandes aliados do produtor. A luz solar fornece energia para a evaporação e o vento ajuda a remover o vapor d’água ao redor da forragem. Por isso, dias ensolarados com brisas constantes representam o cenário perfeito. Já ventos muito fortes podem causar perdas mecânicas de material, exigindo uma atenção maior ao manejo. 

Na segunda fase ocorre a perda de água devido ao metabolismo da planta. Pode ser influenciada pela densidade da forragem, umidade e circulação do ar. 

A etapa final da fenação, com a análise do ponto ideal de feno, é a que mais demanda atenção do produtor. É nessa fase que a umidade para o feno precisa atingir entre 10% e 20% para que a forragem possa ser enfadada com segurança, e para o pré-secado, 40% e 60%.  

Umidade relativa acima de 60% praticamente inibe o processo de secagem. Além disso, qualquer ocorrência de chuva nessa etapa pode causar perdas de até 100% da matéria seca. E é por isso que o acompanhamento das previsões meteorológicas no curto prazo é indispensável para garantir o timing certo entre o revolvimento da forragem, o enleiramento e o enfardamento. 

  • No Brasil, as diferenças regionais afetam a produção de feno 

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, as condições para a fenação variam muito entre as regiões. Enquanto o semiárido nordestino é altamente favorável por sua baixa umidade e longos períodos secos, a região amazônica apresenta grandes desafios devido à alta umidade constante. O Centro-Oeste e o Sudeste se beneficiam de estações secas bem definidas, mas também enfrentam instabilidades causadas por fenômenos climáticos como El Niño e La Niña, que alteram padrões de precipitação e temperatura. 

Diante das alterações climáticas e da maior frequência de eventos extremos, como secas-relâmpago e chuvas fora de época, são cada vez mais necessárias estratégias adaptativas. O uso de tecnologias como secagem em galpões, enfardamento com pré-secagem e o uso de equipamentos condicionadores pode reduzir a dependência direta das condições climáticas. Além disso, o monitoramento constante da umidade relativa, da direção e velocidade do vento, bem como das previsões de chuva dentro de 72 horas, é essencial para a tomada de decisões no campo. Ferramentas inteligentes que automatizam esses processos tendem a ser cada vez mais implementadas. 

  • Fenação eficiente exige planejamento e conhecimento do clima 

A fenação, portanto, é um processo altamente sensível às condições climáticas. O produtor que deseja garantir um feno de qualidade precisa conhecer profundamente as variáveis ambientais e investir em planejamento e tecnologias. Ao alinhar práticas eficientes com o clima da região, é possível transformar o feno em um aliado poderoso da pecuária, assegurando alimento de alto valor nutricional durante todo o ano e fortalecendo a sustentabilidade da produção.